A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade específica da Educação Básica, que se propõe a atender um público ao qual foi negado o direito à educação durante a infância e/ou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis (MEC, 1999 ).
Quando inicia os estudos na EJA, o aluno segue uma sequência por área de conhecimento, cujas disciplinas são distribuídas em blocos, combinando aulas presenciais e a distância. A Educação de Jovens e Adultos tenta aproximar o conteúdo à realidade do aluno por meio de um currículo flexível, integrado às dimensões de educação geral e profissional, reconhecendo processos de aprendizagem informais e formais. Tal metodologia permite que os alunos obtenham novas aprendizagens e a certificação correspondente mediante diferentes trajetórias formativas (PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001*).
O fonoaudiólogo, que tem a linguagem como objeto de trabalho, deve compreender o contexto escolar e colocar-se como parceiro, em busca de transformações que promovam a saúde, melhorem a qualidade de vida e construam a cidadania.
Conforme exposto no art. 3º, no item 3 da Resolução do CFFa nº 387, de 18 de setembro de 2010, que dispõe sobre as atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional, o Fonoaudiólogo está apto a atuar em todas as esferas administrativas e autarquias educacionais voltadas à Educação Básica; Educação Especial; Educação Profissional e Tecnológica; Educação a Distância; Educação de Jovens e Adultos; Educação Superior e Pós-Graduação.
A experiência das autoras com a Educação de Jovens e Adultos teve início quando o curso de Fonoaudiologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) passou a ser oferecido no período noturno
e os estágios tiveram que ser adequados ao mesmo turno. O Estágio Supervisionado em Fonoaudiologia Comunitária e Institucional, oferecido no 7º semestre do curso, busca desenvolver ações integradas entre Fonoaudiologia e Educação. O objetivo desse estágio é promover a saúde fonoaudiológica no espaço
escolar, associando as práticas fonoaudiológicas ao contexto das políticas atuais da educação. Prioriza-se inicialmente, realizar o levantamento das necessidades por meio do diagnóstico institucional, sugerindo ações que se encaixem no perfil da escola.
A partir da experiência vivenciada na Educação de Jovens e Adultos, as autoras observaram alguns pontos que interferem no processo de aprendizagem nessa modalidade de educação, tais como faixa etária diversificada numa mesma sala de aula, comunicação restrita devido aos diferentes interesses, dificuldades na memória, dificuldades na interpretação de textos, entre outros.
Desse modo, os objetivos nesse segmento de educação foram:
• Criar e planejar situações/atividades que desenvolvam nos alunos a concentração, a memória, a imaginação e a criatividade.
• Estimular o aperfeiçoamento da linguagem oral e escrita, proporcionando o resgate da autoestima de
comunicadores eficientes e capazes.
• Desenvolver estratégias que possibilitem o uso adequado da voz tanto dos professores quanto dos alunos.
• Oportunizar o desenvolvimento das habilidades comunicativas.
• Mobilizar os alunos para a leitura, interpretação e produção de textos nos diferentes gêneros discursivos.
• Promover ações que desenvolvam a autonomia dos alunos, auxiliando-os a tornar-se sujeitos críticos e reflexivos.
A atuação do fonoaudiólogo na EJA possibilita uma constante reflexão sobre o fazer fonoaudiológico no âmbito educacional. O contraste de personalidades, de realidades, conduz ao redimensionamento das ações, considerando a especificidade e a diversidade cultural dos sujeitos.
*PIERRO; JOIA; RIBEIRO. Visões da educação de jovens e adultos no Brasil. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 55, novembro/2001. CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Resolução nº 387, de 18 de setembro de 2010. Diário Oficial da União, nº 197, de 14 de outubro de 2010 (quinta-feira), Seção
1, p. 106.
Referencia: Comunicar – Revista do Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Ano XIII- Número 56- janeiro-março de 2013