quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Fonoaudiologia e as eleições

Veja como os fonoaudiólogos podem integrar a assessoria de políticos não só em ano eleitoral.

No próximo dia 5 de outubro, milhões de brasileiros irão as urnas para eleger o presidente do Brasil, além do governador, senador e deputados estaduais e federais dos seus respectivos estados. Faltando pouco menos de seis meses para o dia das eleições, as agendas dos candidatos começam a ganhar tarefas que vão desde uma simples reunião com alguma liderança comunitária de um bairro ou cidade até os grandes comícios, discursos e caminhadas.

Em todas as atividades citadas acima, o uso da voz é imprescindível. A presente reportagem tem como objetivo mostrar a importância do fonoaudiólogo, profissional da comunicação, integrar a assessoria de políticos para o desenvolvimento de trabalhos que precisam de simples orientação quanto ao uso correto da voz até consultoria em media training e media coaching.

Pré-eleições

Na campanha eleitoral o trabalho coma voz é fundamental. É uma questão de saúde vocal mesmo, porque existe um desgaste vocal muito grande com comício, com discursos, com passeatas e com tudo que envolve a campanha eleitoral. Então, aumenta muito a demanda do uso da fala. O político deve se preparar para dar conta do recado, porque ele vai falar muito mais do que ele está acostumado”, frisa a fonoaudióloga Leny Kyrillos, em quem 2010 trabalhou com a ex-senadora Marina Silva, hoje do PSB.

Além das questões referentes à saúde vocal, o fonoaudiólogo é de extrema importância nos trabalhos voltados para expressividade. “Esse político além de ter voz, e conseguir falar e se comunicar, ele tem que se comunicar de um jeito que desperte a percepção de credibilidade, de firmeza e de segurança, isso é fundamental. Então, todo cuidado com a imagem dele, com a impressão que ele passa, com a impressão que ele provoca nas pessoas, a partir do modo como que ele fala também é um trabalho que podemos desenvolver”, afirma Kyrillos.

"Eu normalmente não falo com detalhes a respeito dos meus tratamentos porque é uma coisa de privacidade. Mas com Marina foram feitos trabalhos em duas linhas – para dar uma condição de maior resistência vocal para que ela fosse capaz de dar conta da agenda de exposição de fala e também no paralelo um trabalho de expressividade para que ela passasse realmente a imagem daquilo que ela já é, uma pessoa realmente séria, forte que estava com uma proposta de mudança bastante forte", complementa a fonoaudióloga paulista.

É necessário ao político estar pertinente, expressivo e adequado nos diversos tipos de mídia: rádio, TV, comício, assembleias, reuniões. Cada meio de comunicação exige uma forma tanto gestual, vocal e de conteúdo para que o político possa se expressar bem com seu público”, ressalta a fonoaudióloga da Bahia Valéria Leal, que trabalha com esse público, além de cantores há 17 anos.

Pós-eleições

Apesar da importância dos serviços fonoaudiológicos nesta área, ainda não é comum acolher um político para trabalhos no período pós eleitoral, ou seja, somente uma demanda para coach e media training, pois a maioria, além de desconhecer esta oferta de serviço pelo fonoaudiólogo, procura algo mais sazonal. 

Diferença

Media training - pode ser realizado em pequenos grupos com feedback em conjunto, analisando gravações, entrevistas.

Media coaching - visa melhor o desempenho do político sobre a forma de organizar seu discurso com respostas mais adequadas, orientá-lo sobre postura corporal e expressão facial em entrevistas para TV, noções de câmera, planos, linguagem não verbal. O trabalho é individual em sessões e acompanhamento em gravações para rádio e TV.

Especialização

Todos os fonoaudiólogos podem realizar trabalhos com políticos. O ideal é que esse profissional tenha especialização e experiência clínica com adultos e idosos na área de voz profissional e competência comunicativa, além de conhecer a rotina do político e da política.

Remuneração

A remuneração para esse tipo de serviço depende muito de cada fonoaudiólogo. "A princípio em atendimento individual in loco o profissional pode cobrar até o dobro do valor que cobraria em seu consultório por uma sessão" sugere Valéria Leal. O período de uma sessão em seu serviço em Sergipe é de 30 minutos para outras populações. "Entretanto para políticos necessito de uma, duas até três horas, pois 30 minutos são insuficientes para suprir a demanda imediata e para cumprir o planejamento fonoaudiológico".



Fonte: Matéria escrita por Maurício Júnior, assessor de comunicação Crefono 4 para Revista CREFONO 4 (AL/ BA/ PB/ PE/ SE)


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