Como todos sabem, nosso blog tem o intuito de informar e
debater com pessoas, profissionais ou não da fonoaudiologia, sobre assuntos
relacionados a ela. Essa semana, na mídia, mais especificamente na novela
Amor a vida, surgiu um assunto de uma polêmica incrível: Relacionamentos
amorosos e autismo. A partir do que já sabemos e de um conteúdo bem legal que encontramos a respeito, vamos estar debatendo um pouquinho deste assunto com vocês.
Bom, primeiramente, sabemos que o Transtorno do Espectro
Autista é uma doença muito difícil, tanto em seu tratamento, quanto no
dia-a-dia. Se já é difícil na vida real, imagine para levar isso para o mundo
da ficção. A ideia do autor de popularizar o autismo e diminuir o preconceito é
ótima, e a atriz também, podemos perceber que está interpretando bem um papel
dificílimo. Porém, em muitas cenas a gente percebe que a dramaturgia fala mais
alto que a vida real, ou seja, não podemos levar a Linda como um exemplo puro
de uma pessoa com autismo, ainda mais em nível grave, como o autor quis
retratar. Seus sintomas são confusos.
O autismo tem graus variados, com complexidades distintas, e
os sintomas não são sempre os mesmos. Mas o mais importante também é que o
tratamento não é tão simples como eles apresentam. Primeiro por um autista não
ser tratado somente com um psicólogo, mas com fonoaudiólogos, TO,
fisioterapeutas, neuros, psiquiatras, enfim, o acompanhamento é bem maior. A
Linda teve uma melhora absurdamente rápida, o que não ocorre na vida real, e não
tem relação alguma com a capacidade ou empenho do profissional que está
tratando. O autista tem grande dificuldade de observar as ações de uma pessoa
adulta, o que reflete na dificuldade de seu aprendizado, uma vez que se observa
e depois tenta repetir a ação para se aprender. Ela também tem o agravante de
ter tido o começo de um tratamento depois da vida adulta, quadro que piora
muito o desenvolvimento, quando tratado desde criancinha, em algumas fases, ela
pode até se desenvolver como uma criança que não tem o transtorno.
Então, só para esclarecer melhor, uma pessoa com Transtorno
do Espectro Autista vai ter comprometimento na comunicação, com atraso na
compreensão e produção da fala; na socialização, com dificuldades em manter contato
visual, e social mesmo, com outras pessoas; comportamento, que vai desde
inconvenientes ações para determinados momentos até auto-lesão em muitas vezes.
Em questões de relacionamentos, é então muito importante
para o autista que ele tenha mesmo contato com outras pessoas. Mas um
relacionamento, amoroso como o mostrado na novela já é mais complexo. Tem que
ser levado em conta o grau, as condições das duas partes, o consentimento da família é muito importante,
várias coisas. Muitos autistas se casam, tem filhos, mas outros são totalmente
dependentes dos pais ainda, mesmo depois de grandes. Se ele é diagnosticado
como um incapaz, quer dizer que para sempre ele precisará ser monitorado e
cuidado por um adulto, será uma eterna criança nesse aspecto. Ou seja, é como
se seu filho se apaixonasse na 2ª série, ok, mas nem por isso você irá permitir
que ele tenha um relacionamento, ou se case, pois ele ainda é seu dependente. É assim que perante a lei ele é visto e em muitos casos pelo fato de sua leitura do mundo é realmente o que acontece. Ah e mesmo um autista com grau leve tem que ter a aprovação dos pais, para
evitar a aproximação de pessoas mal intencionadas.
Sim, sabemos que essas informações meio que acabam com a
magia que a novela nos remete, mas não é maldade, é vida real.
Fonte:
O Divã de Einstein - http://scienceblogs.com.br/odiva/2014/01/e-a-moca-autista-da-novela-heim/
Revista Veja - http://veja.abril.com.br/noticia/saude/linda-a-autista-da-novela-nao-deve-namorar-dizem-especialistas
Fonte:
O Divã de Einstein - http://scienceblogs.com.br/odiva/2014/01/e-a-moca-autista-da-novela-heim/
Revista Veja - http://veja.abril.com.br/noticia/saude/linda-a-autista-da-novela-nao-deve-namorar-dizem-especialistas
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