sexta-feira, 18 de abril de 2014

Problemas da voz afetam milhares de brasileiros




Em 2003, 45 mil brasileiros foram avaliados sendo que 25% deles apresentaram problemas na laringe. Dados da Organização Mundial da Saúde OMS) indicam que o Brasil é o segundo colocado no mundo em números de casos de câncer de laringe, perdendo apenas para a Espanha.

Segundo o médico Carlos Adriano Araújo, da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, o custo para o país das doenças da voz é alto. “Nos Estados Unidos, diariamente, 28 milhões de trabalhadores têm problemas vocais. Isso gera um custo anual em torno de US$ 2,5 bilhões. No Brasil, existe um levantamento apenas entre os professores. Cerca de 2% deles estão afastados das salas de aula por problema de rouquidão. A perda anual, neste caso, é R$ 100 milhões”, exemplifica.

Carlos Adriano orienta que, ao apresentar qualquer alteração, a pessoa deve procurar um médico especialista. Ele explica que as desordens vocais se dão por mau funcionamento da laringe e do sistema respiratório, inflamações, infecções e até mesmo problemas digestivos. Fatores ambientais e psicológicos e a própria estrutura da personalidade da pessoa também podem provocar distúrbios na voz.

De acordo com o laringologista, estudos indicam que 50% das pessoas que apresentam alguma queixa podem ter uma doença benigna nas cordas vocais. Ao perceber sintomas como rouquidão, ardor na garganta, pigarro e fadiga vocal um especialista deve ser procurado. Muitas pessoas reclamam, também, de sentir "um bolo na garganta".

Os tratamentos vão desde medicamentos e reeducação da voz até cirurgias. Carlos Adriano lembra ainda que o câncer de laringe é a segunda doença mais comum do trato respiratório, perdendo apenas para o câncer de pulmão. “A incidência mundial é de 18,6 casos para cada cem mil pessoas. No Brasil, um estudo recente em três capitais Porto Alegre, Belém, e Goiânia, aponta uma maior incidência de câncer de laringe na capital gaúcha. Isso se deve, entre outros fatores, à política de saúde pública adotada pelo governo do Rio Grande do Sul para detectar precocemente a doença”, justifica o especialista.

O câncer de laringe é mais freqüente no sexo masculino. Atualmente, a cada cinco pessoas que apresentam a doença apenas uma é mulher, mas essa incidência já foi de 15 para 1. Para o médico Carlos Adriano, a principal causa desse aumento é o hábito de fumar entre as mulheres. “O câncer de laringe é dez vezes maior nos fumantes, e, quando associado ao álcool, o risco de contrair a doença aumenta 43 vezes” justifica. A idade média dos pacientes acometidos pela doença é de 60 anos, lembra o especialista Carlos Adriano. No Brasil são registradas anualmente 6,6 mil novos casos da doença com 3,5 mil mortes. O diagnóstico precoce é uma das armas contra o câncer de laringe, que pode ser curado em 90% dos casos.

As doenças das cordas vocais têm forte relação com o trabalho. Uma pesquisa da Universidade de Brasília, coordenada pela pesquisadora Anadergh Barbosa, do Departamento de Saúde Coletiva, indica que os professores têm 14,8 vezes mais chances de serem acometidos por problemas na voz. Esse índice é três vezes maior do que em bancários e 1,5 do que nos profissionais de rádio e televisão. Em bancários, 33,3% dos afastamentos por problemas de voz foram considerados como relacionados ao trabalho, enquanto o índice dos professores ficou em 6,4%. Entre os profissionais de rádio e TV, 16,7% dos afastamentos foram atribuídos a doenças das cordas vocais relacionadas ao trabalho.

Para prevenir os problemas da voz, Carlos Adriano orienta as pessoas a evitar a ingestão de líquidos muito gelados ou muito quentes, bebidas alcoólicas, alimentos ácidos e gordurosos, não falar alto nem sussurrar e abolir o uso de cigarro. Ele recomenda tomar bastante água, e dar uma pausa durante o dia para as cordas vocais, principalmente se for um profissional que trabalha com a voz.

O uso de soluções caseiras como pastilhas, sprays e gargarejos também deve ser evitado para não mascarar ou agravar o quadro da doença, de acordo com Carlos. 

Fonte:(Fonte: Agência Brasil - ABr- Rosamélia de Abreu)

Nenhum comentário:

Postar um comentário