Katiuscia Pessoni, repórter.
A Polícia Civil do Estado de Goiás (PC/GO) vem trabalhando para contribuir para a solução de casos de falsidade ideológica, aposentadoria, homicídio, assalto dentre outras investigações. Isso se deve à Fonoaudiologia Forense, ciência relacionada às áreas de Comunicação Humana que utiliza técnicas e conhecimentos científicos nas lides judiciais.
A papiloscopista e fonoaudióloga, especialista em linguagem e aprimoramento em Fonoaudiologia Forense,
Joyce Fernandes de Azevedo trabalha na PC/GO e explica que o método forense tem a finalidade de identificar falas e expressões faciais, análise de conteúdo de áudios e vídeos, verificação de discurso/conversação, exame do perfil comunicativo dos falantes e nexo de causalidades entre as alterações auditivas ou vocais, a atividade ocupacional e todas as demandas que envolvam a área de conhecimento das Ciências da Comunicação e Fonoaudiologia.
Dentro da PC/GO, o exame Prosopográfico – ou Análise Facial, como é conhecido – pode beneficiar a população por sua eficácia. O método tem como objetivo fazer a constituição da face por meio de processo técnico que visa estabelecer e identificar pontos característicos semelhantes e divergentes de uma face humana em relação à outra. “A Análise Facial compara duas faces com a finalidade de identificar se são, ou não, de um mesmo indivíduo”, declara Joyce.
A autoridade responsável pelos supostos inquéritos apresenta uma imagem de suspeito e outra do suposto criminoso do circuito de câmeras de segurança da cena do crime, por exemplo. “Realizamos a comparação facial das duas imagens, comprovando se a pessoa tem as mesmas características físicas ou não”. Segundo a fonoaudióloga, hoje o universo de indiciados em inquéritos policiais é grande, e a comprovação das características físicas semelhantes entre o indivíduo ou suspeito ajuda na investigação, o que beneficia diretamente a população.
Método Precursor
Pioneiro em Goiás, esse tipo de trabalho poderá ser importante até mesmo durante a Copa do Mundo de 2014.
Os estabelecimentos em geral têm adquirido esses sistemas de monitoramento de segurança por imagem para ajudar em assaltos e outras questões que auxiliam a polícia na identificação de sujeitos supostamente criminosos. “Comércio e estádios de futebol poderão se beneficiar com o sistema durante a realização da Copa do Mundo”.
O projeto se iniciou em Goiânia com a Polícia Civil. Tem sido observado que o mercado de Fonoaudiologia Forense tem crescido no Brasil, assim como a oferta de cursos de aprimoramento para formação de novos profissionais nessa área. Dessa forma, a fonoaudióloga acredita que os meios acadêmicos e científicos passam a conhecer melhor o trabalho, o que leva os profissionais a buscar capacitação e divulgar essa realidade para os meios que necessitam se beneficiar do serviço.
Foi a partir do trabalho na PC/GO que Joyce percebeu a enorme contribuição que os profissionais da área em questão acrescentam com seus embasamentos científicos e diversos esclarecimentos na área policial. “A Polícia Civil acaba demonstrando a eficiência de seus funcionários e, consequentemente, a eficácia da Ciência da Comunicação Humana dentro da Fonoaudiologia".
Inicio do Projeto
Tudo começou em 2010, quando a fonoaudióloga procurou informações na Polícia Civil do Distrito Federal (PC/DF), visto que o órgão foi o precursor no Brasil em um trabalho conjunto ao Federal Bureau of Investigation (FBI) (Departamento Federal de Investigação, em inglês). Joyce conta que o primeiro caso de repercussão foi o assassinato de um bancário no Banco do Brasil, cujas imagens foram mostradas em rede nacional.
Essas mesmas imagens foram utilizadas para comprovar se o autor do crime era mesmo o sujeito preso como suspeito. “Aqui, em Goiás, tivemos o caso da austríaca que morreu em Abadia de Goiás e necessitava ser reconhecida rapidamente, a fim de se obter autorização para liberação do corpo e retorno rápido ao país de origem.”
O trabalho da Polícia Civil se mescla ao da Fonoaudiologia quando o policial envia ofício com as imagens do laudo solicitadas. O fonoaudiólogo fica por conta do cuidado com as imagens, que são colocadas em um software de imagens tratadas, preservando as características originais. Logo depois, aplica-se a Antropometria (medidas da face) e a Fonoaudiologia (morfologia), realizando, então, a comparação da face padrão que está sendo questionada. "Por meio de câmeras com boa resolução, imagem, iluminação e local estrategicamente apropriado, podemos realizar a análise e consequentemente a Análise Facial, que realiza a identificação do sujeito em questão. Isso resulta em identificar com rapidez o suposto criminoso."
A formação profissional do fonoaudiólogo na prática forense consiste na abrangência e percepção de várias áreas. Primeiramente, em perícia na área de comunicação, que envolve habilidade, experiência e profundos conhecimentos de Acústica, Fisiologia da Fonação, Anatomia, Linguagem, Psicoacústica, Informática, Direito Penal, Antropometria, Odontologia, Ortodontia, Otorrinolaringologia, dentre outras áreas comuns.
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