domingo, 25 de agosto de 2013

Fonoaudiologia na Polícia Civil de Goiás



Katiuscia Pessoni, repórter.


  A Polícia Civil do Estado de Goiás (PC/GO) vem trabalhando para contribuir para a solução de casos de falsidade ideológica, aposentadoria, homicídio, assalto dentre outras investigações. Isso se deve à Fonoaudiologia Forense, ciência relacionada às áreas de Comunicação Humana que utiliza técnicas e conhecimentos científicos nas lides judiciais. 
  A papiloscopista e fonoaudióloga, especialista em linguagem e aprimoramento em Fonoaudiologia Forense,
Joyce Fernandes de Azevedo trabalha na PC/GO e explica que o método forense tem a finalidade de identificar falas e expressões faciais, análise de conteúdo de áudios e vídeos, verificação de discurso/conversação, exame do perfil comunicativo dos falantes e nexo de causalidades entre as alterações auditivas ou vocais, a atividade ocupacional e todas as demandas que envolvam a área de conhecimento das Ciências da Comunicação e Fonoaudiologia. 
  Dentro da PC/GO, o exame Prosopográfico – ou Análise Facial, como é conhecido – pode beneficiar a população por sua eficácia. O método tem como objetivo fazer a constituição da face por meio de processo técnico que visa estabelecer e identificar pontos característicos semelhantes e divergentes de uma face humana em relação à outra. “A Análise Facial compara duas faces com a finalidade de identificar se são, ou não, de um mesmo indivíduo”, declara Joyce. 
  A autoridade responsável pelos supostos inquéritos apresenta uma imagem de suspeito e outra do suposto criminoso do circuito de câmeras de segurança da cena do crime, por exemplo. “Realizamos a comparação facial das duas imagens, comprovando se a pessoa tem as mesmas características físicas ou não”. Segundo a fonoaudióloga, hoje o universo de indiciados em inquéritos policiais é grande, e a comprovação das características físicas semelhantes entre o indivíduo ou suspeito ajuda na investigação, o que beneficia diretamente a população. 

Método Precursor

  Pioneiro em Goiás, esse tipo de trabalho poderá ser importante até mesmo durante a Copa do Mundo de 2014. 
  Os estabelecimentos em geral têm adquirido esses sistemas de monitoramento de segurança por imagem para ajudar em assaltos e outras questões que auxiliam a polícia na identificação de sujeitos supostamente criminosos. “Comércio e estádios de futebol poderão se beneficiar com o sistema durante a realização da Copa do Mundo”. 
  O projeto se iniciou em Goiânia com a Polícia Civil. Tem sido observado que o mercado de Fonoaudiologia Forense tem crescido no Brasil, assim como a oferta de cursos de aprimoramento para formação de novos profissionais nessa área. Dessa forma, a fonoaudióloga acredita que os meios acadêmicos e científicos passam a conhecer melhor o trabalho, o que leva os profissionais a buscar capacitação e divulgar essa realidade para os meios que necessitam se beneficiar do serviço. 
  Foi a partir do trabalho na PC/GO que Joyce percebeu a enorme contribuição que os profissionais da área em questão acrescentam com seus embasamentos científicos e diversos esclarecimentos na área policial. “A Polícia Civil acaba demonstrando a eficiência de seus funcionários e, consequentemente, a eficácia da Ciência da Comunicação Humana dentro da Fonoaudiologia".

Inicio do Projeto
  Tudo começou em 2010, quando a fonoaudióloga procurou informações na Polícia Civil do Distrito Federal (PC/DF), visto que o órgão foi o precursor no Brasil em um trabalho conjunto ao Federal Bureau of Investigation (FBI) (Departamento Federal de Investigação, em inglês). Joyce conta que o primeiro caso de repercussão foi o assassinato de um bancário no Banco do Brasil, cujas imagens foram mostradas em rede nacional. 
  Essas mesmas imagens foram utilizadas para comprovar se o autor do crime era mesmo o sujeito preso como suspeito. “Aqui, em Goiás, tivemos o caso da austríaca que morreu em Abadia de Goiás e necessitava ser reconhecida rapidamente, a fim de se obter autorização para liberação do corpo e retorno rápido ao país de origem.” 
  O trabalho da Polícia Civil se mescla ao da Fonoaudiologia quando o policial envia ofício com as imagens do laudo solicitadas. O fonoaudiólogo fica por conta do cuidado com as imagens, que são colocadas em um software de imagens tratadas, preservando as características originais. Logo depois, aplica-se a Antropometria (medidas da face) e a Fonoaudiologia (morfologia), realizando, então, a comparação da face padrão que está sendo questionada. "Por meio de câmeras com boa resolução, imagem, iluminação e local estrategicamente apropriado, podemos realizar a análise e consequentemente a Análise Facial, que realiza a identificação do sujeito em questão. Isso resulta em identificar com rapidez o suposto criminoso."
  A formação profissional do fonoaudiólogo na prática forense consiste na abrangência e percepção de várias áreas. Primeiramente, em perícia na área de comunicação, que envolve habilidade, experiência e profundos conhecimentos de Acústica, Fisiologia da Fonação, Anatomia, Linguagem, Psicoacústica, Informática, Direito Penal, Antropometria, Odontologia, Ortodontia, Otorrinolaringologia, dentre outras áreas comuns.
  Joyce diz, ainda, que esse tipo de exame vem sendo aprimorado a cada dia, "pela busca e capacitação incessante do conhecimento em todas as áreas da Comunicação Humana, pela informação e utilização de novas Tecnologias da Informática (TI) e do Direito, que mudam e evoluem constantemente. Além de cursos, especializações, pesquisas, mestrados e doutorados na área da Fonoaudiologia Forense". 

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